O Sal e a sua Saúde!
Tem coisas que a gente não percebe, mas acabam tendo influência direta na nossa vida e na nossa saúde.
Uma delas é o sal!
Com certeza, você já deve ter ouvido falar muito sobre os perigos do uso do sal e que devemos reduzir o seu consumo consideravelmente, não é mesmo??
Realmente o consumo do Cloreto de Sódio, que é a substância química que compõe o nosso sal de mesa (aquele branquinho que compramos baratinho nos supermercados), tem sido muito alto em nossa sociedade. As pessoas comem sal demais! Não é que o Cloreto de Sódio seja um risco para a saúde… não é isso.
Tanto o Cloro como o Sódio são muito importantes para o bom funcionamento do nosso organismo. Mas precisamos tomar cuidado com a quantidade de cada um deles que estamos ingerindo.
O Sódio (Na) é um importante elemento na nossa contração muscular, na transmissão
de impulsos pelos neurônios e no equilíbrio osmótico das nossas células, tudo isso por ação das chamadas Bombas de Sódio e Potássio (como vemos na imagem ao lado).
Sem sódio, tudo isso falha!!
O Cloro (Cl) também é muito importante e participa do equilíbrio do pH (equilíbrio ácido-base) do nosso sangue e na produção de ácidos estomacais.
Então, o problema do sal não são os elementos que o compõem!
O problema está no processo pelo qual o sal é produzido e a quantidade em que nós o consumimos. Quando falamos de sal de mesa, estamos falando puramente de NaCl, ou Cloreto de Sódio.
Mas nem sempre o sal foi assim...
Ao ser extraído do mar ou de minas terrestres de sal, ele é composto por dezenas e dezenas de outros minerais. Se você observar o sal bruto, retirado do mar, ele é cinzento, não é branquinho como o sal da maioria dos saleiros. Isso acontece porque o sal refinado, de mesa, passou por muitos processos químicos de branqueamento para se tornar o sal que conhecemos. E muitas das substâncias químicas que são usadas neste processo de branqueamento são tóxicas para nosso organismo.
Na natureza, vamos encontrar sais rosados, amarelados, negros, cinzentos… Sais amargos, azedos, salgados… Sais com cheiro de ovo, com cheiro de ferro, sem cheiro nenhum… depende da região do planeta em que ele foi minerado e da composição química daquele local. Todos esses sais podem ser branqueados, purificados e transformados no sal de mesa, que é o mais popular.
Branquinho, salgadinho e sem cheiro. O problema do Sódio, que tanto se fala por aí, é sua capacidade de reter líquidos. Quando ele está na nossa corrente sanguínea ele precisa estar bem dissolvido.
Então, quanto mais sódio temos disponível, mais água precisaremos para dissolvê-lo. Isso significa que o volume do nosso sangue aumenta pelo aumento da água que vem dissolver o excesso de Sódio, e por consequência a nossa pressão arterial sobe!
Daí é que vem o risco de Hipertensão Arterial, arteriosclerose, problemas renais, etc.
Se moderamos este consumo, o risco diminui significativamente.
Mas nós também não podemos viver sem o sal. Então não dá para dizer que vou retirar definitivamente o sal da alimentação. Isso geraria outros problemas, como fadiga, fraqueza muscular, hipotensão, etc.
A recomendação da Organização Mundial de Saúde de consumo diária de sal é de 5g de sal/dia. Isso significa que uma pessoa deveria consumir apenas e tão somente o equivalente a 5 sachezinhos de sal daqueles que encontramos em restaurantes. (como mostramos na imagem ao lado).
Apenas 5 o dia inteiro!!
Imagino que você já deva ter passado por algum restaurante e que tenha usado desse sal que vem nos saquinhos. Já reparou o quanto usou?? 1, 2, 3, 4 saquinhos numa refeição??
Pois saiba que a média de consumo de sal do brasileiro hoje é de 12g/dia, ou seja quase 2,5 vezes mais do que o máximo recomendado!! Isso porque não percebemos todas as fontes de sal que ingerimos. Primeiro porque ele já é naturalmente encontrado na natureza e faz parte de tudo o que comemos.
Depois porque cada vez mais consumimos alimentos industrializados e esses produtos vêm carregados de sal, tanto para conservar por mais tempo, quanto para dar mais sabor.
E quando você percebe, a pressão já está nas alturas!
Mas e aí, o que fazer?? Não posso consumir demais, porque me causa problemas cardiovasculares. Não posso reduzir demais porque suas substâncias químicas me farão falta.
Bom, precisamos pensar em alternativas e eu quero tentar te ajudar aqui. Muito se ouve falar atualmente sobre outros sais, como o sal rosa do himalaia, o sal negro, o sal marinho, o sal integral, sal grosso, flor de sal, etc. Mas desses todos, qual seria a melhor opção para o consumo diário??
Uma coisa já posso dizer, sais que não foram refinados são mais saudáveis e mais nutritivos. Isso porque trazem em sua composição natural dezenas e dezenas de outros elementos químicos, além do sódio e do cloro. Alguns sais podem passar de 80 minerais diferentes, alguns deles difíceis de serem encontrados na alimentação e que tem papel essencial para nosso organismo.
Um exemplo é o Magnésio, que pode ser encontrado nos sais não refinados em excelentes concentrações e que auxilia no controle da hipertensão arterial. Isso significa que um sal com magnésio ao invés de piorar sua hipertensão, poderá ajudá-lo a controlá-la. O magnésio causa relaxamento da nossa musculatura e da musculatura dos vasos sanguíneos. Mas no processo de purificação e refino, ele é retirado e eliminado da composição do sal.
E qual seria o melhor sal??
Bem, desde que seja de boa procedência e não seja refinado e purificado, todos são bons. Cada um com sua composição química específica. O problema são as adulterações. Isso acontece muito no caso do Sal rosa do Himalaia (Retratado na imagem abaixo).
Por conta de sua procura e por ser um produto necessariamente importado do Paquistão, é um produto de alto valor agregado e algumas pessoas, agindo de má fé, tingem o sal grosso convencional para vendê-lo como sal rosa.
O sal negro é a mesma coisa…
Sal grosso comum adulterado com corantes para ser vendido mais caro. Agora, também não podemos nos deixar enganar por algumas propagandas. Por exemplo, o sal marinho.
Para começar, no Brasil, todo sal é marinho, ou seja, é retirado de salinas onde a água do mar é evaporada e o que sobra no final é sal bruto. Este sal bruto é cinza e não tem os grãozinhos todos soltinhos, como um sal comum. Isso acontece porque além de não receber nenhum tratamento químico para ser purificado, ele também não recebe os antiumectantes, como o ferrocianeto de sódio.
Ele não é tão bonitinho, nem tão charmoso como o sal refinado, nem é tão chique como o sal rosa, mas é muito saudável. Justamente porque tem em sua composição todos os minerais que o sal naturalmente tem.
Agora, se você compra um sal marinho branquinho, com a granulação perfeita, provavelmente está consumindo sal refinado da mesma forma… Ou o sal é bruto, integral, ou é refinado. A designação sal marinho na embalagem se torna totalmente genérica!
E o sal grosso??
É melhor que o sal refinado?? Sal refinado e sal grosso, é exatamente o mesmo sal. A única diferença é o quanto ele foi moído. Depois do processo de refino, o sal sai em pedras. Se for pouco triturado, vira sal grosso para churrasco. Se for mais triturado, vai ser o sal de cozinha comum.
Em questão de saúde ou de nutrição, é a mesma coisa!!
Então se você imagina que cozinhar com sal grosso seja a solução dos seus problemas, pode mudar de ideia agora mesmo!
E o Sal Light?? Serve para alguma coisa??
É considerado sal light uma mistura do sal refinado, que é o Cloreto de Sódio, com Cloreto de Potássio. O sabor não se altera muito e a cor e textura ficam os mesmos. A vantagem é ter de 30 a 50% menos de sódio na mistura, o que é uma vantagem para quem já desenvolveu hipertensão.
Mas ele ainda não é melhor que os sais integrais, ou brutos. Ele ainda é pobre em em sua composição de minerais. No final, quem vai ter que fazer essa escolha é você mesmo.
Não tem jeito!
Baseado no que você leu aqui e no que você entende que seja o melhor para sua saúde, escolha qual sal você vai usar e em que quantidade. E lembre-se, o melhor caminho é o caminho do equilíbrio.
Agora, tem um detalhe importante!
Você deve ter notado que a maioria dos sais vendidos no Brasil é Iodado, não é mesmo?? E por que é assim??
Muita gente não sabe, mas o Iodo é um elemento químico muito importante para a saúde da Tireoide, a glândula que temos no pescoço e que controla dezenas de nossas funções metabólicas.
Se a tireoide não funciona bem, temos sérios problemas!
O que acontece é que, apesar de sua importância, o Iodo não é um elemento fácil de ser encontrado nos alimentos. Do mais, são as algas que trazem maior concentração de Iodo para nosso organismo. Mas no caso dos brasileiros, não é muito comum comermos algas com frequência.
Sua deficiência leva ao cretinismo (deficiência mental congênita), ao bócio (inchaço da tireoide), ao hipotireoidismo (baixa atividade da tireóide), etc.
A solução encontrada em todo o mundo para oferecer iodo às pessoas numa fonte de fácil acesso, foi incluí-lo no sal de cozinha, na forma de Iodeto de potássio.
Assim, ao consumir o sal, as pessoas já estariam consumindo o Iodo necessário.
O que eu quero dizer com isso é que caso você decida optar por um sal bruto, integral, não iodado, fique atento aos seus níveis de Iodo, para não enfrentar nenhum desses problemas que a falta dele pode causar, principalmente na gestação, na amamentação e na infância.
Do mais, seja moderado, tenha controle da quantidade do sal que consome, seja ele qual for, e viva bem, com mais saúde e sem abrir mão do sabor na sua mesa!
Um Grande Abraço!!